PORTRAIT

A Matriarca


A matriarca interpelou-me, de repente, no meio da escuridão, como se fora uma despedida anunciada. Segui-a com o olhar perdido, encontrado mais à frente nestas modestas linhas, quando tudo se clareou. Amanhã parto numa longa viagem. Montanhas. Caminhos. Rios e ribeiras. Finalmente o  mar, onde desaguam gentes de lugares longínquos. A partir de agora, guia quem não se encontrou. Ensina a quem ousa não saber, o que a palavra e as histórias orais (com)têm. Corre como o vento para seres a primeira a chegar a casa e perfuma-a com os odores da lucidez materna que herdaste de mim. E, não te esqueças que a luz faz mais sentido à noite, quando tudo é sonho e vazio de pensamento, ecoando melhor aos sentidos. Que a roda não pare, para passares também o testemunho no entardecer da tua jornada, amanhecer de esperança para quem a segue, saudade enunciada e inacabada para quem a finda, porque a partir de agora também tu és uma matriarca.

Lisboa Nov ´19

Isabel Sofia dos Reis-Flood

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